quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

É menina

Quando estava indo morar em Ipanema, foi a época em que descobrimos que era um menina.

A Tai me ligou no trabalho e, ao me contar, várias lágrimas caíram.

A galera olhava para mim:

- O que foi, cara?

- É menina!!

Tio Dedé

Se for para escrever sobre esse cara, demoraria anos.

Minha família chama ele de Tio, pois é quase um irmão para o meu pai.

São conhecidos de 40 anos de muita história e parceria.

Contactei o Tio dedé para ver se ele poderia ser o meu fiador para alugar a cobertura citada anteriormente.

Me encontrei com ele e sua esposa Lilian na casa da sogra dele, no Flamengo.

Um apartamento antigo grande e bonito.

Lá, matamos as saudades e conversamos muito sobre a vida e a minha fase. Mesmo com problemas de saúde, Tio Dedé se dispôs integralmente a estar comigo nessa luta por apartamento e disse que estará comigo até o fim.

Mais uma lágrima corre.

Quem diria que eu iria ter a sensação de ter uma parte da família no Rio de Janeiro? Não tem preço.

Tio Dedé foi um dos caras que, junto com meu pai e minha mãe, ajudaram a criar os 4 irmãos sapecas.

Trabalhou com meu pai e um lavou a mão do outro nos momentos mais difíceis.

Dedé foi da época da bohemia, tocava o seu violão, mas a saúde foi ficando afetada e acabou se preservando mais.

Guerreiro da vida.

Salgueiro

Ainda em Ipanema, entrei em contato com a minha amiga Camila, de Floripa, que está morando no rio há um tempo.

- Jaguarito! Bora pro salgueiro?

- Mas é claaaroo!

Nos encontramos na Saens Peña e de lá pegamos um taxi para a quadra da Escola.

Chegando lá, uma entrada estilo clube e ao entrar.. nos deparamos com uma beleza de estrutura.

Era época de escolha dos samba que tinham como enredo: História sem fim.

"Uma históoóória de amooorrr! Sem ponto finaallll (salgueiro salgueiro)..." Esse samba ficou na cabeça depois de termos ouvido uns 10! hehehe

Foi samba no pé a noite toda e uma admiração tremenda da bateria.

começou com um mestre e depois veio o oficial. A diferença do som de um para o outro era nítida.

A tranquilidade e segurança dos batuqueiros era demais. Nunca vi um naipe de chocalhos tão harmonioso.

Tinha dois surdos de terceira que falavam horrores.

A bateria fica em um mesanino preparado de frente para o palco com uma estrutura de peso.

Não vasa som nenhum.

Deu saudades do união da ilha da magia.

Quase 5 da matina e voltamos para as casas.

Camila foi junto com um amigo gringo e o primo dela foi para o Flamengo, onde moram.

Vou lá de novo... com certeza.

Ipanema

Acabou a minha estadia em Copa...

Depois de um mês de muita luta, correria frenética para conseguir apartamento e adaptação ao rio e ao novo trabalho.

A cabeça está a mil por hora...

Pra onde vou?

Nessas horas, ligamos para os amigos e ai que vemos eles mais amigos do que nunca.

Ligo para Paula

- Jaguaritzennn! Querido! Como você tá? Arrumou um lugar? Tá precisando de ajuda?

- Ai, Paulita... nem sei como dizer... mas será que posso passar uns dias ai? Não consegui arrumar apartamento e coisa tá difícil?

- Claro que sim! Só deixa eu falar com Mateus, pois divido com ele e logo te ligo.

Alguns minutos se passam e toca o telefone...

- Vem pra cá, menino! Estamos de braços abertos para te receber.

Juro que nessa hora uma lágrima caiu. Pode parecer piegas, coisa boba, mas foi tão generoso e lindo que a lágrima foi inevitável...

Eita época para se gastar lágrimas, viu?

- Tu pode ficar aqui até o dia 9, pois vou receber uma amiga depois. Pode ser?

- Já é!

Depois do trabalho, chego com mala e cuia no apartamento dos dois e sou recebido com muito amor e afeto.

Uma segurança imensa pelo fato de estar do lado de pessoas bonitas e boas.

Mesmo em época de muito trabalho, principalmente para ele, a minha presença, em nenhum momento perturbou a vida e a privacidade do casal.

Lá eu conheci de perto o Wii! Mateus é viciado nesse treco e tem Guitarrinha e tudo na parada!

Delírio sensual, arco-íris de prazer. :)

Muita conversa. Afinações de violão para a Paula, confraternização com amigos no Leblon, Feijoada e Feirinha da Lapa, pensando projetos musicais, risadas, praia vinhos e afins e mais risada.

Foram quase 10 dias de muito entendimento e força para achar um lugar para morar...

Infelizmente não tinha conseguido a cobertura na Afonso Pena... fiquei em segundo lugar na lista...

E estava chegando o dia de sair de Ipanema...

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Tostoi e Iriê

Logo no final da minha estadia em Copa, falo com o meu amigo Daniel da Luz (Iriê) pelo msn e o mesmo me diz que Cleo e Serginho estão vindo para o Rio mixar o cd com o Jr. Tostoi (Lenine e Vulgue Tostoi)

Me convidou para ir lá e ficar antenado assim que a rapaziada chegar.

Mando um recado no iogurte do Cleo e o mesmo me da a letra de onde era o estúdio.

Por feliz coincidência, era do lado do meu apartamento, lá na Barata Ribeiro em frente a estação do metrô.

Me arrumei e fui correndo para lá.

Logo descubro o prédio do local e fico admirando um montande de cadeiras com senhores de cerveja na mão e cigarro na boca, de frente para uma televisão berrando para um monte de cavalos que corriam dentro de uma televisão.

Apostadores viciados.

Logo, descubro a porta do estúdio e, quando entro, nem parecia que eu estava em um prédio e sim numa casa-estúdio gigante.

Sou recepcionado e lá encontro dentro de uma sala de mixagem, com tudo o que tem direito, Cleo e Serginho.

Abraços, risadas e muita alegria.

Logo aparece Tostoi, com seu filho no colo, que também me cumprimenta e começamos a trocar um idéia.

Derrepente, vem uma voz reclamando da conversa pois não conseguia mixar direito com aquele barulho.

Era Dominique. Um cara muito legal, experiente e que conseguia mexer naquela mesa imensa, compatível com Pro Tools, como ninguém.

Acabei descobrindo que ali era uma cooperativa de estúdios que fundaram um estúdio enorme para gravações e mixagem.

Aparelhagem de primeira e profissionais também.

Muita idéia sobre música, experiências e vida.

No final da história, fico colado e de olho aberto no trabalho de dominique e tostoi na mixagem.

Logo mais tarde, eu teria que sair para ver um apartamento e me despedi de todos.

Foi muito bacana receber pessoas bacanas em lugar super bacana.

A luta agora é estar mais dentro desse universo aqui no rio. É minha meta.

Dias de Copacabana

De tarde, fui acertar os papéis com a locadora.

Uma mulher que mora em petrópolis, natureba e totalmente a favor de morar em copacabana.

Quando falei da profissão de Tai, ela se encantou e puxou um livro sobre pedras e ficou quase uma hora filosofando.

Paciente que sou, escutei tudo, fechei o que tinha que fechar e voltei ao trabalho para a noite ocupar o lugar.


Enfim chego.

Sensação de casa. Boa sensação.

Nunca valorizei tanto guardar minhas roupas no guarda-roupas, de de ter uma cozinha e uma cama confortável (cama graaandee).

Cheguei de noite e, depois de arrumar tudo, fui fazer o reconhecimento de terreno.

O prédio fica a uns 100 metros da orla e fui andar por ali mesmo.

Alguns passos em sentido pontal e já estava na frente do copacabana palace. Grandioso e com sua faixada imperial. Tão parecia tão diferente diferente do que via na tv. Alguns segundos e já me cansei daquilo.

Voltei por dentro e achei uns botecos. Parei para tomar uma cerveja e ria com a descontração dos Cariocas naquele momento. Povo feliz que me faz feliz também.

Mais feliz ainda quando Tai e o nosso bebê chegarem (ainda não sabemos o sexo).

Foram indas e vindas do trabalho para lá.

Sempre andando em caminhos diferentes e tudo muito caro. Mas não me importava, pois o diferente é bom e faz bem pra pele.

O lixo, as crianças dormindo na rua e as putas cantando por "umazinha" toda hora não me intimidavam e sim me fazia pensar em muita coisa. Desgraça urbana.

Copacabana serve como uma bela faixada, mas não dá coragem de tomar banho naquele trecho onde desemboca uma grande boca de esgoto direto para praia. O leme era ali do lado... só fui me ligar disso bem depois e não aproveitei este trecho como deveria.

Não acho que é copacabana princesinha do mar, e sim aberração urbana.

Parece que eu odeio, né? Não, apenas lamento uma parte tão postal ser apenas tão...postal.

A internet não pegava lá.. tava foda... falar com Tai só nos orelhões e seus panfletos de putas e travecos coladas na parte de dentro da cabine.

"Faço boquete e tomo seu leitinho por R$ 20,00". Existe forma mais corajosa de sobreviver? É fato.

Uma noite dessas, uma puta agarrada com um gringo, o empurrava para o hotel do lado do meu apartamento. Ela ria como se estive na sua noite de fartura. O gringo só falava Ok Ok.

Logo, iria receber a visita de meu parceiro de filmes, Marco Stroisch. Ele iria editar-finalizar o áudio do Blackouts (trilha sonora minha: http://www.youtube.com/watch?v=4UISE5Y7Chc) aqui e pediu um cantinho lá no meu apê!

Fiquei feliz pra cacildis e, uma semana antes, fui visitar alguém que está no top 10 special of my life. Minha amiga Paula.

Combinei uma visita noturna para conhecer o apartamento que ela divide com o seu namorado Mateus.

Mostrei secretamente o Blackouts para a Paula que estava super ansiosa para ver! Ainda bem que o Marco mostrou depois, se não iria me matar! hehehe

Casal inspirador. Abraços e afetos sem fim que me deixam com palpitações fortes de felicidade no coração. Ali começava um laço mais forte ainda com pessoas queridas.

Enfim Marco chega!

Abraços e felicidades a flor da pele. Entrego as chaves do apartamento para ele lá na empresa e passamos quase uma semana de muita alegria.

Quando passamos uma tarde com Paula, foi o dia do trio cair na gargalhada e se divertir sem parar.

- Paula! Para de pagar tudo, menina!

- Deixa! (risadas de porquinha!) Vocês são meus convidados no rio.

Cafés, nhoque da fortuna, doces, cigarros e cervejas!

No outro dia fomos ver o "Anti Cristo" de Lars Von Trier. Assustou, chocou e encantou.

Uma leitura magnífica da mente feminina obsessiva com uma edição peculiar.

Quando me lembro de algumas cenas, me doem as partes...

Em um outro dia, perto do final da estadia do Marco, o mesmo me fala que iria ficar as últimas noites em um hotel.

Fiquei brabo, mas respeitei e entendi o movimento. Por sorte, o hotel era praticamente do lado do apê.

Em uma noite, ainda com o Marco aqui, fomos eu, Paula, Mateus e o irmão deste passar uma noite na Lapa.

Divertida é apelido. Muitas risadas, andando para cima e para baixo. Cumprimentando dono de bar, conhecido de Mateus e Paula, que nos arregou uma cervejinha e um excelente atendimento. (Recomendo o Pub Irlandês na Lapa)

Cachaça, cerveja, risada. Cachaça, cerveja, risada.

Coisa boa, né?

Logo, o começo de um novo dia está próximo e estamos eu, Marco, Paula e Mateus quase que jogados em uma mesa quando decidimos que era hora de ir.

A ressaca no outro dia foi violenta, mas totalmente feliz.

Fomos eu e Marco visitar uma cobertura sensacional na Afonso Pena com um preço de aluguel tentador.

Para variar, chegando no lugar, tinha uma fila enorme para ver o apê.

Me encantei e corri de lá direto para procurar documentação...

Marco vai embora e fico sem meu amigo por perto. Os dias em copacabana estão se acabando e ainda não consegui arrumar um lugar para alugar...

Copacabana - Luxo e Lixo

Depois do primeiro fim de semana revigorante e hora de dizer tchau para o OK...

Não mais daria para ficar ali, pois sai caro para a empresa e assim fica decidido alugar um conjugado em Copacabana até o fim do mês.

- Copacabana?

- É! Vou te mandar as fotos

- Mas que coisa mais kirida! Vou lá olhar!

- Coisa mais kirida?

- Coisas da terrinha. :)

Marquei um dia da semana para ir lá visitar e encontrar a moradora.

Pego o metrô, desço na Cardeal ArcoVerde, ando alguns metros e já estou lá.

Até o caminho do apartamento já tinha visto umas 3 putas, cheiro estranho no ar e o calor básico.

Fiquei fascinado com o elevador. Coisas que só se vê no rio de janeiro. Elevador bem antigo. Entra em um porta e sai em outra de corrimão. Simplesmente fantástico.

7 andar. Toco a campanhia e abrem a porta

- que música que é essa?

- é a camapanhia...

- parece música de ninar

- (risos) eu odeio ela. Por favor, entre e fique a vontade.

- :)

- Nossa mas é bem arrumadinho aqui né?

- Tem tudo o que você quiser (traga fortemente o cigarro), só não tem máquina de lavar não é, cida?

Olho para o lado e vejo uma pequenina mulher sentada na cadeira vendo a novela e dando sinal positivo com a cabeça

- Mas tem uma lavanderia aqui perto (diz a pequena mulher)

Depois de ter contado minha história e a dona adorar o fato de eu ser músico, sai de lá contente e confortável.

- Aaa tem a internet de graça em toda orla de copacabana. Se duvidar ela pega aqui no apartamento também.

- Ótimo, posso já morar nessa semana?

- Claro, vou viajar e já deixo tudo pronto para você.

Agradeço e vou embora feliz e pensando

- Puxa, copacabana, hein? Tô chique...

pobre pensamento de principiante carioca...